O Terno de Moçambique representa a devoção do povo da comunidade a Nossa Senhora do Rosário. As congadas ocorrem nas Festas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, sempre na primeira semana do mês de setembro. Cada terno tem pelo menos 20 pessoas, entre capitães, tocadores e dançadores.
A festa ocorre como a maioria das festas religiosas: festeiros angariam fundos; são escolhidos o rei, a rainha e o imperador; missas, novenas e procissões reúnem os fiéis e o mastro com a bandeira é levantado.
O Terno de Moçambique representa a devoção do povo da comunidade a Nossa Senhora do Rosário. As congadas ocorrem nas Festas de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, sempre na primeira semana do mês de setembro.
Cada terno tem pelo menos 20 pessoas, entre capitães, tocadores e dançadores. A festa ocorre como a maioria das festas religiosas: festeiros angariam fundos; são escolhidos o rei, a rainha e o imperador; missas, novenas e procissões reúnem os fiéis e o mastro com a bandeira é levantado.
A coroação de reis negros foi incorporada como meio de controle do povo africano, no período escravagista, já que os reis adquiriam a função de liderança dentro da comunidade. Esse ritual possibilitou ao negro reconstruir, simbolicamente, um elo com a sua memória ancestral e com formas de organização social que haviam se perdido. Assim, nasceram os reis de congo.
O Moçambique de Seu Júlio Antônio tem a seguinte formação: um capitão, dois caixeiros, três tocadores de patangome (instrumentos semelhantes a ganzás, que consistem de chumbos dentro de uma estrutura de metal) e sete dançadores, com gungas amarradas na altura do joelho, três gungas em cada perna. No total, são treze pessoas atuando. Durante a função, há uma alternância entre o primeiro e o segundo capitão e mais pessoas podem acompanhar o terno no cumprimento de promessas e em outras situações especiais. Os instrumentos são de fabricação própria e a equipe é formada por famílias que passam a cultura de geração a geração. Há congueiros de 14 a 75 anos.
Durante a procissão do Terno de Moçambique, o alferes vai à frente, empunhando a bandeira de Nossa Senhora com a frase "Santa Maria Mãe de Deus" e o nome do povoado. Com um bastão, o mesmo utilizado desde o início da tradição, um lenço branco e um apito na mão, o Capitão Júlio Antônio vai logo atrás, puxando os companheiros e entoando os cantos do Terno.
O grupo se apresenta com roupas brancas, uma calça e a camiseta característica do Terno. Também utilizam uma boina, que complementa a vestimenta utilizada de maneira geral pelos ternos de Moçambique. Vestido com um terno claro, o Capitão Júlio Antônio utiliza um apito para comandar seus congueiros, que cantam louvações a São Benedito, São Jorge, Santo Antônio e Santa Bárbara, tendo Nossa Senhora do Rosário como padroeira principal. O apito controla a procissão, indicando o início das atividades e as trocas de música.
Reconhecido pela qualidade de seu Moçambique, tradição iniciada na região por seu avô, que, segundo Seu Júlio conta, chegou ao Brasil como escravo e, posteriormente, tornou-se feitor. Seu Júlio é hoje a história viva de uma tradição. É admirado e reverenciado pela qualidade de seu Moçambique.
Em Santo Antônio do Amparo, o Terno de Congo é divido em três Ternos menores. Cada um carrega seu próprio conteúdo simbólico e importância religiosa, sendo todos comandados pelo capitão Júlio Antônio.
O Terno de Vilão é o primeiro a cortejar, com suas poderosas caixas, tambores e varas de guatambu. O intuito inicial é espantar com alegria e fé as energias negativas e, para isso, os integrantes se vestem com roupas confeccionadas com tiras de papel multicoloridas.
Feito isso, o ambiente está preparado para a passagem do Terno de Catupé, que traz a serenidade de Santo Antônio do Amparo. Este, por sua vez, abençoa o público presente com orações e cantorias.
A festa alcança seu auge com a apresentação do Terno de Moçambique, que firma a limpeza e a benção dada pelos dois outros Ternos.
LETRAS DAS MÚSICAS
No tempo da escravidão
No tempo da escravidão, quando o senhor me batia, gritava por nossa senhora, quando a pancada doía / no tempo da escravidão , nego morou no sanzala, quando o senhor me batia, nossa senhora chorava / um dia nego sonhou , nhonhô, sonhou com nossa senhora / ela me dava uma rosa, tira nego de sanzala / hoje nego tá cantando, canta com toda alegria, foi a nossa senhora, que deu nego arrilia
E a jomba de nego é nossa senhora / olelê de nossa senhora / a nossa senhora que manda chamar / e a jomba de nego é de nossa senhora / pai véio vei de angola / e pai véio tá na terra / e a jomba de nego / é de nossa senhora / vocês fica com deus / de nossa senhora / e com nossa senhora / de nossa senhora.
Vamos rezar um pai nosso
Vamos rezar um pai nosso e ave maria / pra santo antônio de lisboa, que é a nossa guia / foi o que que me trouxe? é meu santo antônio / e com nossa senhora? é meu santo antônio / e quem fica com nóis? é meu santo antônio / e o que me guia? é meu santo antônio / e com nossa senhora? é meu santo antônio / e quem vive comigo? é meu santo antônio / e o que que me trouxe? é meu santo antônio
Vamos rezar um pai nosso e ave maria / pra são benedito, que é a nossa guia / foi o que que me trouxe? é são benedito / e o que que me leva? é são benedito / e quem fica com nóis? é são Benedito / e com nossa senhora? é são benedito / e o que que me trouxe? é são benedito / e com nossa senhora? é são benedito / e quem fica com nóis? é são benedito / e com nossa senhora? é são benedito
Vamos rezar um pai nosso e ave Maria / pra nossa senhora, que é a nossa guia / foi o que que me trouxe? é nossa senhora / e cruze de são bento? é nossa senhora / e quem fica com nóis? é nossa senhora / e cruze de são bento? é nossa senhora / oi o que que me leva? é nossa senhora / e quem fica com nóis? é nossa senhora / e o que que me leva? é nossa senhora / e cruze de são bento? é nossa senhora / e quem fica com nóis? é nossa senhora / oi o que que me leva? é nossa senhora / é nossa senhora senhora / e cruze de são bento? é nossa senhora / ôi me guia caminho? é nossa senhora / e quem fica com nóis? é nossa senhora / e a jomba do nego? é nossa senhora / é de nossa senhora, é de nossa senhora.
Vamos pelejar
Vamos pelejar, chegou tempo, é hora, vamos pelejar / o poço tá cheio, eu tirei com a cuia, a cuia quebrou, eu costurei com agulha / olha baratinha morou no cavaco / quando saiu me picou todo mundo / olha janguelê me já ficou assim de tanto lamber me jacá de quipô / olha tico-tico que pass´o bonito, que pass’o bonzinho , deixou pass’o-preto chocar no seu ninho / êh irmão, chocou no seu ninho, olha pass´o preto chocou no seu ninho / olha pass´o-preto é que bota o ovo, olha tico-tico que cria filhote / olha tico-tico é que bota o ovo, olha pass´o-preto que cria filhote / igreja do rosário tem uma telha só, olha quando chove não molha ninguém / igreja do rosário tem uma telha só, me quando choveu não molhou ninguém / o carangueijo me tem a língua mole, aqui nesse reino tem a língua mole / êh irmão tem a língua mole, olha carangueijo tem a língua mole / olha curumbamba cantou no capão, onça tá correndo e pensou que é leão
Essa cabocla é cabocla bonita / cabocla, cabocla vai, a saudade fica / cabocla, cabocla, cabocla, vai, a saudade fica
O poço tá cheio, eu tirei com a cuia, a cuia quebrou, costurei com agulha / ôh maria, pegar com deus eu vou / eu mandei lá na angola buscar minha pai, aqui nesse reino meu pai vai chegar / eu chamo meu pai, é pra te levar, aqui nesse reino vem pra te levar
Eu vi santa bárbara sentada na pedra na beira do rio (das águas) lavando fulô / clareou, clareou, clareou, santa bárbara clareou / olha santa bárbara segura trovão aqui nesse reino segura trovão / olelê, aqui nesse reino segura trovão / ei nhonhô, segura trovão, olha santa bárbara segura trovão / coluna de casa aguenta todo peso, aqui nesse reino aguenta todo peso / mandei lá na angola buscar pai cambinda, corpo morreu, mas cabeça tá viva / eu fui na lá na angola, busquei pai cambinda, corpo morreu, mas cabeça tá viva / êh nhonhô, cabeça tá viva, corpo morreu me cabeça tá viva / olha lá na angola já matou matongo, enterrou matongo, braço tá de fora.
Eu sou filho de nego
O saracutinga chamou cai e cai, me vira mundéu me chama caiuê / êh bananeira tem o grano mole, aqui nesse reino tem o grano mole / olha tico-tico subiu no coqueiro, tá perguntando mundo como tá / olha tico-tico subiu no coqueiro, quando desceu me desceu a cavalo / êh levou minha gimba, aqui neste reino curiou com dambi / êh dambiojira cafom de vindero ocaia / oh, dambiojira ocaia cafom de vindero num injó de jequê / quando desceu, desceu a cavalo / eu venho lá da angola passo ni aruanda, conenga agora chegou lá num injó / êh num de jequê me conenga tatá, aqui nesse reino conengou tatá / êh conengou com tatá lá no injò de jequê, aqui nesse num injó de jequê / o timbojira cafom de vindero num injó de tatá, conenga tatá no injó de jequê / eu saio lá do injó de tatá, conenga tatá no injó de jequê / eu saio lá do bara eu é pequenino, aqui nesse reino do tamanho de agulha / dambiojira cafom de vindeiro ocaia num injó de jequê / eu sou filho de nego, mamãe é criola, eu vem lá dum bara, eu vem de rebolo / eu sou filho de nego, nasceu lá num bara, aqui nesse reino mamãe é criola / num bara cafom de vindeiro ocaia, aprendeu falar língua no injó de jequê / êh nhonhô, mamãe é criola, aqui nesse reino papai é rebolo / êh nhonhô, mamãe é criola, olha papai, papai é rebolo / papai é rebolo, nasci lá na angola, aqui nesse reino aprendeu falar língua / êh irmão, língua de criolo, aqui nesse reino, é língua de criolo / eu mexeu na gunga, coração doeu, gunga de meu pai, me coração doeu / eu chamei meu pai pra me ajudar, aqui nesse reino pra me ajudar / êh irmão, mundo não vale nada, olha a gente morre, mundo fica aí
Coração doeu, coração doeu, coração doeu, eu mexeu na gunga, coração doeu / coração doeu, coração doeu, gunga de meu pai, gunga de papai, me coração doeu / êh gunga de meu pai, coração doeu, eu mexeu na gunga, gunga de hoje, coração doeu / êh fala sua língua, eu quero aprender, olha papagaio, olha papagaio veio aprender / que me fez chorar, que me fez chorar, que me fez chorar, a jomba de hoje que me fez chorar / êh olha papagaio é que sabe língua, olha periquito, olha periquito nem língua não tem
A cigarra chorou, chorou, chorou, chorou, sentada na beira do mar, chorou, chorou, chorou, a cigarra chorou / perguntei pra cigarra, mas porque que ela chorou, então veio marinheiro e o branquinho da cigarra levou
Eu plantei uma rosa, a minha rosa pegou, então veio um passarinho pegou minha rosa e levou / cheguei em casa chorando, minha mãe me perguntou, chorava por causa da rosa que o passarinho levou.
Chora ingomá
Mandei lá na angola buscar minha pai, buscar minha pai, buscar minha pai, olha lá / eu canto meu ponto, meu pai vai chegar, me chora ingomá / oh jombê, oh jombê, oh jombá, veio aprender me meu pai chegar, oh jombinho, me chora ingomá / êh mamãe, meu pai vai chegar, meu pai vai chegar, meu pai vai chegar, olha lá, eu chamo meu pai pra me ajudar, me chora ingomá / oh jombê, oh jombê, oh jombá, eu chamo meu pai pra me ajudar, oh jombinho, me chora ingomá / êh irmão, o tanque tá cheio, o tanque tá cheio, olha lá, eu quero saber onde amarro canoa, chora ingomá / ôh jombolê, ôh jambolê , ôh jombá, eu quero saber onde eu amarro canoa, ôh jombinho, me chora ingomá / aqui na cidade tanto pato grande, tanto pato grande, tanto pato grande, olha lá que tá me matando é beija-flor, me chora ingomá / ôh jombê, ôh jombê ôh jombá, o que tá me matando é beija-flor, ôh jombinho, me chora ingomá / êh irmão, mundo engana a gente, mundo engana a gente, mundo engana a gente, olha lá, eu mexeu no mundo, mundo, me enganou, me chora ingomá / ôh jombê, ôh jombê, ôh jombá, eu mexeu no mundo, mundo me enganou, ôh jombinho, me chora ingomá / êh irmão, vai deixar saudade, deixar saudade, deixar saudade, olha lá, a jomba de nego vai deixar saudade, chora ingomá / ôh jombê, ôh jombê, ôh jomba de nego vai deixar saudade, ôh jombinho, chora ingomá / êh irmão, coração doeu, coração doeu, olha lá, eu pisei na terra, coração doeu, me chora ingomá.
Encontrei com a senhora
Encontrei com a senhora na beira do rio lavando o paninho do seu bento filho / senhora lavava, são josé estendia, menino chorava do frio que sentia / calai meu menino, calai meu amor, a faca que corta dá golpe sem dor / foste bem nascido, fostes bem criado, filho de uma rosa, de um cavalo encarnado.
Tá caindo fulô
Lá vem são jorge, cavaleiro bão, põe a mão na rédea, para não correr tanto / Lá envém são jorge com a virgem maria, meu senhor são jorge é o nosso guia
Tá caindo fulô, tá caindo fulô, lá no céu, aqui na terra, êh, ta caindo fulô / olha o tôco de nego tá cheio de fulô / o toco de nego sempre deu fulô.
Caboclo beira-mar
É devagarinho, é devagarinho que eu chego lá / é devagarinho, é devagarinho eu vou caminhar / é devagarinho, é devagarinho que eu chego lá /é devagarinho, é devagarinho que eu vou lá chegar / é devagarinho, é devagarinho, vou caminhar / é devagarinho, é devagarinho que eu chego lá
Nossa senhora do rosário, alembra de mim, alembra / eu lá vou embora, pelo amor de deus, alembra de mim, alembra / vamos embora chorando, e peço pra me levar / ô que despedida triste, no caminho eu vou chorar / ô que despedida triste, que eu faço nesse lugar / vocês fica aí com deus, com ele vou caminhar / eu vou embora chorando, por deixar este lugar / eu vou e levo saudade, saudade quero deixar
Sou caboclo beira-mar, e eu nasci foi lá no mar / fui nascido dentro d´agua, criado no meio das pedras, na boca da serpente, deixa o meu ponto chegar / quem me ensinou a nadar foi, foi, marinheiro, foi os peixinhos do mas / o caboclo veio de longe, eh ai, marinheiro, ele vem pra visitar / o marinheiro vai embora, eh ai, marinheiro, depois ele torna voltar / o marinheiro chegou, eh ai, marinheiro, veio aqui visitar.